O processo de migração para o Paraná se intensificava. E no final da década de 40 a nova realidade despertou a atenção de Theóphilo e Maria Luísa. Preocupados com a evasão de parte da clientela eles resolveram ver as oportunidades que o sudoeste paranaense reservava. Visitaram Chopinzinho e, preocupados – a exemplo de Francezek – em oferecer melhores condições de estudos para os filhos, optaram pela Vila Nova (Pato Branco) como local para moradia e instalação do negócio, algo efetivado em 1949. Com pouco mais de 4.500 habitantes os moradores da Vila Nova acolheram os Petrycoski e começaram um duradouro vínculo.
A experiência em consertos de pequenos produtos de chapas laminadas, alumínio e cobre permitiu ao Theóphilo Petrycoski e sua esposa Maria Luísa, a continuidade do sonho: sempre com simplicidade empreender e sobreviver num novo lugar podendo oferecer melhores condições de vida aos filhos. Criaram a Theóphilo Petrycoski e Cia Ltda, uma funilaria e ferraria que funcionava numa casa de madeira bruta (tabuões) com dois andares, de aproximadamente 80 metros quadrados. Parte do piso era em chão batido e o restante em madeira. Num dos lados do prédio efetuavam consertos de fogões e no outro a produção e o comércio de fôrmas; funis; tachos, materiais de construção, cerâmicas, utensílios domésticos e até ferraduras.
Em 1950 Theóphilo reiniciou a produção semi-artesanal de fogões à lenha. Tudo foi difícil. Algumas fases havia a completa carência de matéria-prima, principalmente o aço que era caríssimo. Era algo que obrigava a busca de matéria prima num ferro velho de São Paulo (SP). Lotes rejeitados de laminados eram adquiridos e seus defeitos eram corrigidos em Pato Branco para ser base na fabricação dos fogões.
No ano de 1953 a Família Petrycoski recebeu reconhecimento pela qualidade do Fogão a Lenha Gabinete Petrycoski que obteve o primeiro lugar no Setor da Indústria Metalúrgica, durante as comemorações do Centenário do Paraná. Um ano após produzia mensalmente cerca de 40 fogões. O desenvolvimento de produtos e da empresa ganhava novas dimensões com o ingresso dos filhos dos fundadores na atividade.
Em 1964 houve a intensificação da produção de fogões, com a Indústria instalada na Rua Brasília, em área construída de 800 metros quadrados. Tal posicionamento levou a empresa adquirir, em 1968, um forno de esmaltação, tipo Mufla, melhorando a capacidade e a qualidade do que fazia.
Em 1971 houve a aquisição de uma pequena Usina Hidrelétrica, em Mariópolis, para os serviços de cromagem e esmaltação, ano em que Irani Petrycoski, filho do fundador assumiu a gestão.
Em 1979 foi definida a nova razão social: Indústria de Fogões Petrycoski Ltda, quando Valdir Petrycoski, outro dos filhos de Theóphilo, deu sequência a gestão.
Em 1981 houve a finalização da transferência para a nova sede na BR158, KM 521, permitindo a aquisição de novas máquinas e ferramentas para novos saltos evolutivos.
Em 1985 Cláudio Petrycoski, também filho dos fundadores, assumiu a gestão da empresa, trazendo dois anos após todo maquinário e ferramental do processo produtivo de fogões a lenha e a gás da Indústria de Fogões Walter, pertencente a Muller Irmãos, de Curitiba. No início da produção em Pato Branco era alcançada a “extraordinária” quantidade de 15 fogões a gás por dia. Em três semanas a Indústria já produzia 40 unidades a gás ao dia.
Em 1994 faleceu Theóphilo Petrycoski, fase que tinha conhecimento sobre o início de uma nova era e da sequência na produção de fogões e memórias da transformação da Vila Nova em Pato Branco, numa íntima relação com a estruturação de sua grande família formada por sete filhos, 26 netos e 36 bisnetos.
Em 1995 a empresa produzia 500 fogões a gás e 250 a lenha por dia. Um ano após a Indústria de Fogões Petrycoski passou a ter denominação principal de Atlas Eletrodomésticos, mantendo produtos com as duas marcas, algo que rendeu o Prêmio Top de Marketing ADVB-PR, em 1997.
A partir de 2006 foi definida a estratégia de separação das produções de fogões a lenha e a gás, com a criação de empresas distintas. A unidade fabril de fogões a Lenha passou a ter atividades noutro local, no Parque Industrial que leva o nome de Theóphilo.
Atualmente a Atlas Eletrodomésticos é a maior indústria de fogões a gás do Brasil, com mais de 1 milhão de unidades produzidas ao ano, sendo detentora da marca Dako, tendo Cláudio Petrycoski na administração e netos do fundador no Conselho de Administração.
Já a Fogões Petrycoski é a maior indústria de fogões a lenha do Brasil, com cerca de 70 mil unidades industrializadas ao ano, sob gestão de Valdir Petrycoski.
O fundador deixou um grande legado: vários descendentes com atividades empreendedoras em diversas áreas: transportes, combustível, metalmecânica, agroindustrial, atacadista, aço e construção civil, entre outras atividades que geram cerca de 2.200 empregos diretos.
Uma história escrita inicialmente por Theóphilo e, depois, por seus sucessores com muito trabalho, garra, determinação, derrotas, mas acima de tudo, uma bruta vontade de vencer. Um legado de Theóphilo que projeta novos caminhos evolutivos nas gerações que se estabelecem e, como ele, sabem que além dos negócios é preciso participar da vida em comunidade e colaborar no desenvolvimento das pessoas.
E justamente, dentro do propósito do desenvolvimento humano continuado surgiu em 2011 o Instituto Theóphilo Petrycoski, que desenvolve ações voltadas a evolução educacional, cultural e esportiva da população, em projetos transformadores, disponibilizados gratuitamente para a população regional.
As chamas vivas deixadas por Theóphilo e seus sucessores estão presentes no ITP nas suas iniciativas focadas no desenvolvimento humano de nossa gente.